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1.000 ações por mês: como Luiz Barsi virou o maior investidor pessoa física na bolsa

Com meio século de investimentos na bolsa brasileira, Luiz Barsi Filho, de 84 anos, ostenta o título do "rei dos dividendos"

Luiz Barsi Filho: meio século de investimentos na bolsa brasileira  (Germano Lüders/Exame/Exame)

Luiz Barsi Filho: meio século de investimentos na bolsa brasileira (Germano Lüders/Exame/Exame)

Karla Mamona
Karla Mamona

Editora de Finanças

Publicado em 28 de junho de 2023 às 19h39.

Última atualização em 28 de junho de 2023 às 20h09.

Com meio século de investimentos na bolsa brasileira, Luiz Barsi Filho, de 84 anos, ostenta o título do ‘rei dos dividendos’. Com uma fortuna estimada em R$ 4 bilhões, ele é o maior investidor pessoa física da B3. Entre as empresas que ele investe estão Banco do Brasil, Santander, Unipar, Suzano e Klabin. Recentemente, ele aumentou sua participação societária na AES Brasil, passando a deter 5% do total de ações emitidas pela companhia.

A estratégia do bilionário é uma só: comprar ações de boas empresas que pagam bons dividendos. Barsi começou a montar sua carteira de investimentos na década de 1970 e comprava religiosamente 1.000 ações por mês. O primeiro papel que ele investiu foi de uma empresa de alimentos chamada Anderson Clayton. “Se eu fizer a conversão para real, na época, as ações custavam 50 centavos e pagavam dividendos no valor de R$ 1. Investi durante alguns anos nesta empresa até ela ser vendida”, contou durante o BTG Talks 2023, evento realizado pelo BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME) nesta quarta-feira, 28 de junho.

Depois que a empresa, que produzia margarina e óleo foi vendida, Barsi estudou quais outras companhias que eram atrativas. Além de empresas que pagavam dividendos, ele acrescentou mais um critério e passou a considerar apenas negócios com mais de 30 anos de existência. O segundo papel que ele investiu foi a Centrais Elétricas de São Paulo (Cesp), que mais tarde virou a Companhia Energética de São Paulo e hoje é a Auren. Na época, a companhia pagava 10% de dividendos ao ano. “A Cesp era uma empresa de valor unitário. Toda vez que ela aumentava o capital, ela era obrigada a ampliar a quantidade de ações na mesma proporção.”

Nesta estratégia de investimento, Barsi avaliava sempre a lucratividade da companhia. Em meados de 1970, a Cesp pagava acima da média dos títulos de renda fixa na época. “Eu tinha esperança de que uma carteira de renda mensal pudesse dar resultado. Eu confiava na minha estratégia e no estudo que eu fiz." Quando a Cesp ampliou seus investimentos além da energia elétrica, as ações da companhia valorizaram.

"A minha análise da época era que naquele preço, depois de subir forte na bolsa, havia opções melhores no mercado e que também pagavam bons investimentos. Vendi as ações da Cesp e comprei outras ações." Ele comprou ações de empresas que pagavam dividendos mínimos obrigatórios. Entre elas estavam Banco Real de Investimento, Banco Noroeste, entre outros. "Minha carteira foi evoluindo." Depois de oito anos investindo mensalmente em empresas que pagavam bons dividendos, Barsi afirmou que estava aposentado. "Eu não precisava mais trabalhar. Eu tinha uma renda mensal vinda da carteira de ações."

Um novo investimento

Após anos de investimentos, Barsi tem certeza de que o estudo que ele começou na década de 1970 estava correto. "Hoje, a certeza é que investir em ações garantem o futuro." O nome do estudo virou negócio na família. Louise Barsi, filha caçula do investidor, está a frente da plataforma "Ações Garantem o Futuro", que divulga e ensina a estratégia de investimento do pai.

Louise, que é economista e analista CNPI, também participou do painel do BTG Pactual e afirmou que o pai é muito mais do que um pioneiro no mercado de capitais do país. "Existia muita dificuldade de investir naquela época. Havia uma assimetria de informações e um custo operacional muito maior do que hoje em dia. Agora, estamos na era da informação e tudo é mais fácil, isso permitiu o acesso da pessoa física ao mercado de capitais. Houve a democratização no mercado."

A chegada do investidor pessoa física na bolsa foi impulsinado pelo último ciclo de baixa da taxa de juro. Segundo ela, isso fez com que o brasileiro fosse obrigado a olhar para outros investimentos, além da renda fixa para poder diversificar sua carteira. "Isso também é reflexo da nova onda de educadores digitais. É um trabalho de conscientização e nos incluímos nesta. Investir é uma jornada. Isso demanda tempo, prioridade e disciplina."

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